Combate ao Machismo

Resoluções aprovadas no 1º CONGRESSO NACIONAL DA ANEL

 Resolução sobre Combate ao Machismo

1) A estupidez que assistimos no InterUnesp de 2010, o rodeio das gordas, deve nos dar revolta com as brincadeiras e atos machistas de muitas calouradas e confraternizações nas universidades e escolas brasileiras.

2) A situação de meninas que engravidam e não têm direito à licença-maternidade (e acabam perdendo o ano letivo), a falta de creches para as estudantes que têm filhos, a proibição de morar com os filhos nas casas estudantis, de não poder levá-los para comer nos RUs revelam que a política educacional brasileira e a administração das universidades não estão preocupadas com a situação das mulheres.

3) Há ainda os recorrentes casos de estupro. Como se não bastasse, as piadas machistas, o assédio de professores, o regime opressor nas instituições e as humilhações públicas demonstram que no lugar de um espaço de livre expressão das idéias, as universidades brasileiras são mais um espaço de reprodução da ideologia machista.

4) As mulheres são maioria entre os que têm ensino superior, mas ganham até 30% menos, estão nos cursos com menos reconhecimento social ou identificados com a função materna: assistência social, enfermagem, professoras etc. No corpo técnico-administrativo, as mulheres, em sua maioria estão ocupando os cargos mais precarizados, como os setores de terceirizados de limpeza. No caso das mulheres negras isso se aprofunda , pois na escala de renda estão localizadas abaixo das mulheres brancas e são maioria quando falamos dos empregos mais precarizados.

5) Apesar de algumas conquistas históricas, como o direito ao voto e ao divórcio, as mulheres trabalhadoras seguem sofrendo dobrado com as mazelas do capitalismo. Na sociedade do consumo, o corpo da mulher é uma mercadoria. No Brasil, 10 mulheres morrem assassinadas por dia e 55,2% das mulheres que são assassinadas por violência doméstica, são negras. Isso, sem falar do fato dos abortos clandestinos serem a 2ª causa de morte entre as mulheres no Brasil.

6) Mesmo com uma mulher eleita presidente, essa realidade continua. Desde a campanha eleitoral, Dilma se comprometeu com setores conservadores e foi contra a legalização do aborto. Logo que assumiu, aprovou um aumento próprio de 132%, enquanto o salário mínimo aumentou 30 reais, sendo que dos que recebem o salário mínimo, 70% são mulheres!

7) Apesar dessa realidade, as mulheres árabes vêm dando grandes exemplos de insurgência contra a opressão machista e contra as ditaduras do mundo árabe. Essas batalhas se enfrentam com a falta de liberdade e com as conseqüências do capitalismo para a classe trabalhadora desses países, principalmente para as mulheres.

8) O movimento estudantil combativo entende a luta contra o machismo como uma luta sua. A luta por mais verbas para a Educação é também a luta pela ampliação da assistência estudantil, que quando precarizada, afeta as mulheres.

9) Por isso, a ANEL deve seguir organizando as mulheres estudantes. Para isso, o Congresso da ANEL resolve apontar uma responsável na CEN pela tarefa, para fortalecer o GD Nacional de Combate as Opressões.

10) A ANEL seguirá construindo o Movimento Mulheres em Luta e participando do setorial da CSP-Conlutas, como forma de concretizar a aliança entre as jovens estudantes e as mulheres trabalhadoras.

11) A ANEL deve construir o Quilombo Raça e Classe, movimento que também organiza as mulheres negras trabalhadoras combatendo o racismo, machismo, contra a exploração profundo que sofre o povo negro no Brasil.

12) Reivindicar a aplicação imediata da “Lei Maria da Penha” e sua ampliação, com a construção de casas abrigo, centros de referência e a punição dos agressores.

13) Boicote a produtos propagandeados pela mídia de forma machista, homofóbica e racista. Contra a disseminação da lógica opressora do capital.

14) Apoio à luta feminista por igual salário em iguais trabalhos.

15) Campanha contra às manifestações machistas em resposta à denúncia de machismo em hinos, trotes e camisetas em jogos universitários impulsionados pelas Atléticas das diversas universidades do país.

16) Defesa do aborto livre, legal, seguro e gratuito garantido pelo sistema público de saúde. Entendemos que não se trata de reivindicar o aborto como método contraceptivo, e sim de reconhecimento do direito da mulher pelo seu próprio corpo e da defesa da saúde das mulheres vítimas de abortos mal-feitos.